A Nova Realidade Global
23
Parcela ponderável dos movimentos sociais brasileiros
demonstra uma enorme dificuldade em compreender
essa nova realidade global. E quem não compreende o
ambiente em que transita tende a rejeitá-lo, quando não a
hostilizá-lo. Reage ao novo, mesmo quando este novo já é
o óbvio. Teme perder privilégios, aferra-se à certeza con-
fortável de um passado que tenta fazer viver no presente.
Pretende dar vida ao que morre em todo o mundo, não só
no Brasil. É preciso aprender a compatibilizar o que se pra-
tica no chão de fábrica com o que se ensina na academia. É
preciso compatibilizar o Brasil com o mundo desenvolvido.
A visão terceiro-mundista prevalecente no mundo dos
negócios, nos sindicatos de empregados e de emprega-
dores, nos movimentos sociais em geral, no conjunto da
sociedade brasileira e até na própria academia, nos leva a
compararmo-nos ao mundo subdesenvolvido, a ter como
opção de destino ser, como país, apenas a vanguarda do
atraso, líder dos países periféricos.
O professor e especialista em relações de trabalho José
Pastore nos relata que na Coreia do Sul, em 2012, ele pre-
senciou um carro ser montado na Hyundai em 57 segundos.
Na Alemanha, na mesma época, viu um Mercedes Benz ser
montado em 21 segundos. A produtividade do brasileiro é
quatro vezes menor do que a do trabalhador americano. Mas
vocês dirão, mas a Honda, na Zona Franca deManaus, monta
uma moto também em cerca de 20 segundos. Que ótimo!
Pena que o parque industrial brasileiro, em franco processo
de desindustrialização, não seja uma enorme Zona Franca de
Manaus, com seus pretensos índices de produtividade.
É preciso haver combinação de diferentes formas de
trabalhar, em que o empregado estável por prazo indeter-




