A atual crise vivida pelo Brasil reflete diariamente na economia e, consequentemente, no mercado de trabalho do país. Explicar de que forma esta realidade vem afetando a mão de obra brasileira foi o desafio proposto pelo painel “Panorama Geral do Mercado de Trabalho por Região”, apresentado pelo coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo; pelo professor de economia da FGV, Fernando Hollanda Barbosa Filho; e pelo Adm. Mauro Oddo Nogueira, pesquisador do IPEA.

Por meio da PNAD Contínua, pesquisa do IBGE que analisa e produz informações sobre a inserção da população no mercado de trabalho, Cimar Azeredo apresentou a influência de características, como a demografia e a educação, neste processo. Segundo o coordenador, a crise colaborou para ampliação do trabalho informal em todos os estados do Brasil.

“Mesmo no Nordeste, que não possui tradição em apresentar número elevado de trabalho formalizado, os números de atuação informal se elevaram. Nós temos municípios no país em que a informalidade chega a 70%. Em 2017, começamos um processo de caminhar pela baixa desses indicadores. Mas o que mais chama a atenção neste levantamento é o fato dessa estatística englobar todo o Brasil”, afirmou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Já Fernando Hollanda Barbosa Filho, professor de economia da FGV, demonstrou o perfil do mercado de trabalho no Rio de Janeiro. Dentro desta análise, Hollanda levou em consideração a atual conjuntura política e econômica do Estado.

 “A economia do Rio de Janeiro não ficou descolada de todo o Brasil. Mesmo a Olimpíada fazendo com que a realidade demorasse um pouco a aparecer, os resultados mostram os variados setores da economia fluminense vindo um pouco atrás dos resultados médios a nível Brasil. Quando o Estado se desarruma o efeito é brutal. Embora já se observe certa recuperação da economia brasileira, no Rio de Janeiro este processo tende a demorar um pouco mais”, destacou o professor.

O Adm. Mauro Oddo Nogueira, pesquisador do IPEA, analisou o mercado informal no Brasil. Segundo Oddo, a informalidade existente em larga escala deriva, principalmente, da quantidade de atividades de baixa produtividade no país, levando os profissionais a buscar uma renda complementar alternativa. O pesquisador ainda falou sobre a importância do Administrador para a mudança deste quadro.

 “Nós, Administradores, temos um papel político e de formação de mentalidade nessa situação. Estamos dentro das empresas, onde se torna necessária a chegada de ideias diferentes da realidade que vemos. O abandono da mentalidade escravocrata de que quanto menos pagar mais eu ganho, taxas de juros elevadas, a visão mercantilista e o menosprezo às pequenas empresas, que são agentes essenciais do movimento econômico, são alguns pontos de mudança para alcançarmos uma boa produtividade e um consequente incremento econômico”, disse o pesquisador do IPEA.

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