A questão do suicídio e da depressão nas empresas é um assunto há muito estudado pelo presidente do Conselho Federal de Administração, Adm. Wagner Siqueira, em seus artigos. De acordo com o Administrador, “todo trabalho comporta em si mesmo uma dimensão de insatisfação. A realidade normalmente resiste à ação daquele que trabalha. A questão é como superar essa insatisfação, compreendê-la como intrínseca àquilo que fazemos, ou, pelo menos, contê-la em níveis aceitáveis”.

 Outro ponto discutido em suas perspectivas é que nenhuma outra doença do trabalho tem sido por tão longo tempo tão ignorada e tão pouco examinada.

“Os suicídios no trabalho apenas ganham projeção maior em organizações francesas com a France Telecom, a Renault e a Thales. Porém, esses episódios são apenas uma parcela, a parte do iceberg fora d’água, que esconde uma questão bem mais complexa, profunda e generalizada. Nem todos morrem, mas são indistintamente atingidos. Subsistem as sequelas, as síndromes de pânico, os dramas psicossociológicos, a morte psicológica, a fratura da alma humana”, avalia o Adm. Wagner Siqueira.

A denúncia desse tipo de prática também deve ser incontestavelmente discutida nas relações interpessoais e na gerência das organizações, pois só assim poderão ser combatidas a contento.

Muitas das constatações das razões de pessoas que dão cabo às suas vidas por causa do trabalho certamente expressam o desejo de denúncia da realidade vigente no interior das organizações. É um ato indubitável de denúncia! Um brado derradeiro em busca da tomada de consciência contra as iniquidades crescentes praticadas no mundo do trabalho. Em verdade, um ato final de libertação da neurose alucinante do trabalho moderno”, garante o presidente do CFA, lembrando ainda que é preciso, mesmo a contragosto de muitas empresas e gestores, trazer à tona tão ‘impróprio’ tema:

“Eis aí um tema politicamente incorreto, percebido como inconveniente e inadequado ao mundo do trabalho”.